domingo, 12 de março de 2017

Copa verde: marcada para morrer



Competição surgiu em 2014 e já está perto do fim (Foto:Divulgação)

A CBF não se manifesta e a FPF, para variar, nada sabe informar a respeito. O fato é que a semana termina com a forte boataria sobre extinção da Copa Verde em 2018, saindo do calendário oficial. Deficitária e sem maiores atrativos para clubes e torcedores, a competição vem se arrastando há quatro anos e só não acabou graças à presença da dupla Re-Pa.

Não é de hoje que se comenta sobre o fim do torneio, idealizado para substituir a antiga Copa Norte e para dar uma força aos dois gigantes do futebol paraense. Sem patrocínio, nasceu marcada para morrer. Em 2016, veio o beijo da morte, com a perda do acesso à Sul-Americana, seu único real encanto.

Curiosamente, as especulações sobre o futuro da CV surgem depois que a CBF sinalizou para sua transformação em competição internacional, a Green Cup, agregando times da Venezuela e dos Estados Unidos.

Na comparação com a Copa do Nordeste, a CV expõe todas as suas fragilidades. Ao contrário da competição nordestina, que é patrocinada e bancada pela iniciativa privada, sem depender da CBF, o torneio de apelo ecológico vive de pires na mão.

Quanto aos números, a CV leva uma verdadeira goleada. Enquanto a CN gratifica os clubes com R$ 600 mil na primeira fase, R$ 450 mil na segunda, R$ 550 mil na terceira e R$ 1.250.000 para o campeão, a CV trabalha com valores bem mais modestos: a primeira fase paga R$ 15 mil, a segunda premia com R$ 30 mil e a terceira com R$ 50 mil, cabendo ao time campeão a quantia de R$ 180 mil.

A essa altura, até a conotação ambiental soa esdrúxula. As únicas vinculações com a preservação do meio ambiente são a troca de ingressos por garrafas PET e o cartão verde que é aplicado como homenagem a atletas que se destacam pelo jogo limpo.

No coração da região mais visada e assolada pelos devastadores, a CV peca por timidez no marketing e ingenuidade nas ações práticas. A verdade é que o gancho ambientalista é usado como mero artifício mercadológico. Em termos práticos, nada vai além do discurso empolado dos dirigentes.

Caso venha a ser cancelado, o torneio não deixará saudades. Não arrasta torcidas, amplia o fosso entre clubes dos diversos Estados e tem no Re-Pa sua maior atração. É um torneio pobre em emoção e equilíbrio técnico.

Por Gerson Nogueira

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